sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Tang Wei fala sobre os investimentos da China no Brasil



A montadora chinesa JAC Motors anunciou nesta quinta-feira que construirá uma fábrica no Brasil. O local escolhido para receber o investimento de US$ 900 milhões é Camaçari, cidade onde está o pólo petroquímico da Bahia. 

A instalação da marca no nordeste brasileiro acelera a descoberta do país pelas marcas chinesas. Ávidas por ampliar fatias do mercado do Brasil, atualmente um dos cinco maiores do mundo, outras marcas traçam o roteiro de desembarque no país, afirma Tang Wei, diretor-geral da Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico.

Advogado nascido na China e com mais de 20 anos de atuação no Brasil, Tang Wei é interlocutor privilegiado de grandes grupos chineses que mantêm negócios com o Brasil. Entre eles, estão as montadoras de veículos.

No mercado automobilístico, as importações do produto made in China acabam de ser atingidas pelo recente aumento de até 30 pontos percentuais no IPI decretada pelo governo brasileiro.

A medida é compreensível, diz o executivo. "É legítima essa defesa comercial. Mas devem vir outras medidas (no Brasil) para melhorar a competitividade", afirma.

Parceiros com uma corrente comercial que aumentou quase 50%, para US$ 60 bilhões em 2010, Brasil e China também apresentam diversas assimetrias em diferentes setores. Do lado brasileiro, repete-se o mantra de que a "invasão de produtos chineses" é um dos fatores para a desindustrialização do país. Da China vem a crítica quanto à fragilidade dos marcos regulatórios do Brasil.

O protecionismo brasileiro sobre rodas agora solapa a livre importação de calçados. O produto chinês foi sobretaxado e agora depende de uma autorização prévia do governo do Brasil para ser importado. Sem criticar as barreiras impostas, Tang lança dúvidas em relação à competitividade dos setores protegidos. "Será que não estamos fabricando produtos muito caros", pergunta ele.

O contencioso entre os dois gigantes ensaia chegar também ao campo. Tradicional compradora de commodities, a China demonstra apetite para a aquisição de áreas agrícolas, estratégia encarada com reservas por setores que enxergam nesse movimento uma ameaça à soberania nacional. O tema é controverso, admite Tang. "Mas terra é diferente de outros produtos. Você não consegue levá-la embora".

Potência que na próxima década pode se tornar a maior economia do mundo, a China também disputa com os Estados Unidos o topo do ranking de medalhas olímpicas. Em 2008, nos Jogos de Pequim, o ouro reluziu com mais frequência nos atletas chineses.

Embalada pela ascensão esportiva, a China vislumbra no Brasil oportunidades de grandes negócios em setores de infra-estrutura para a Olimpíada de 2016.

Com base no resultado esportivo de Pequim, Tang espera que a economia brasileira tenha mais sucesso até os Jogos do Rio de Janeiro. "Tomara que o Brasil economicamente tenha desempenho melhor que nas Olimpíadas de 2008", afirmou ele em entrevista ao editor Fábio Piperno, do BandNewsTV.

Edição: Fernanda Lanza

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